Freguesia Nossa Senhora do Monte
Dos tempos distantes em que a freguesia era conhecida pela modesta ermita de Nossa Senhora da Encarnação, mandada construir em 1470 por Adão Gonçalves Ferreira, primeiro homem nascido na Madeira, é hoje conhecida por Freguesia do Monte, abreviação de Nossa Senhora do Monte, referencia à narrativa da milagrosa aparição da Santíssima Virgem, que foi nome de uma Capela depois ao Sítio e por fim de toda a Freguesia.
A origem desta paróquia vem da fazenda povoada que ali tinha Adão Gonçalves Ferreira (1440-1500), o primeiro homem que nasceu nesta ilha e que era filho de Gonçalo Aires Ferreira (1390 – ?), o mais distinto companheiro de Zargo na descoberta do arquipélago. Como geralmente acontecia, era uma pequena capela o centro em torno do qual se agrupavam os primeiros povoadores, tendo Adão Ferreira levantado ali pelos anos de 1470 uma modesta ermida, que parece ter tido o nome primitivo de Nossa Senhora da Incarnação, passando depois a chamar-se Nossa Senhora do Monte, devido certamente às condições orográficas do local, que bem justificavam a nova e apropriada denominação. Outros afirmam que a milagrosa aparição da imagem da Santíssima Virgem, que logo começaram a chamar Nossa Senhora do Monte, é que deu origem a que a capela tomasse este nome, que se transmitiu ao sítio e mais tarde a toda a paróquia.
A lenda dessa aparição miraculosa vem narrada, nos seguintes termos, no verso das gravuras que representam a pequenina e veneranda imagem: «Ha mais de 300 anos, no Terreiro da Luta, cerca de 1 quilómetro acima da igreja de N.a S.a do Monte, uma Menina, de tarde, brincou com certa pastorinha, e deu-lhe merenda. Esta cheia de jubilo, refere o facto á sua família, que lhe dão deu credito, por lhe parecer impossível que naquela mata erma e tão arredada da povoação aparecesse uma Menina. Na tarde seguinte reiterou-se o facto e a pastorinha o reecontou. No dia imediato, à hora indicada pela pastorinha, o pai desta, ocultamente, foi observar a cena, e viu sobre uma pedra uma pequena , e á frente desta a inocente pastorinha, que a seu pai inopinadamente aparecido, afirmava ser aquela Imagem a Menina de quem lhe falava. O pastor, admirado, não ousou tocar a imagem, e participou o facto á autoridade que mandou coloca-la na capela da Incarnação, próxima da actual igreja de «N.a S.a do Monte», nome que desde então foi dado aquela veneranda Imagem.» Esta narrativa não difere essencialmente duma descrição manuscrita, que possuímos, do meado do século XVIII, a qual por sua vez se baseava numa ininterrupta tradição oral. Nessa descrição se encontra o seguinte interessante pormenor: «No dia seguinte amanheceu a S.a fora da Hermida, na fonte a ella vezinha sobre hua pedra naqual sevem ainda hoje alguns caracteres antigos que mal se percebem. . . » Esta pedra preciosissima, diz o padre Joaquim Plácido Pereira, ficou soterrada no fundo do Ribeiro de Nossa Senhora, quando a Câmara Municipal do Funchal mandou ampliar o Largo da Fonte, em 1896.
Elucidário Madeirense Vol. II p.873
